Já há algum tempo que não postava nada…Há 2 semanas que o tempo tem passado numa correria, na 1ª semana com a organização e preparativos para a festa de despedida da Sofie (Bélgica) e do Christiaan (Holanda). Ambos estavam aqui em Ljubljana não no programa Erasmus mas em programas de estágios curriculares e projecto de investigação na área de medicina respectivamente. Por estas mesmas razões ambos viram a sua altura de partir no final de Abril, e precisamente porque ai vinha a Spring Break e porque à parte disso todos nós ainda aqui ficamos pelos menos por mais um mês e meio (o que aumenta a tristeza na hora da despedida) esta festa tinha que ser Bombástica. Era o mínimo que exigia de mim mesma e era o mínimo que eles mereciam porque são ambos pessoas extraordinárias! Lá consegui arranjar a cave do meu dormitório (o dormitório fixe dos freaks, punks e toda a espécie de pessoas estranhas que nunca reclamam de nada, sendo que com isso nunca vem nenhum segurança acabar com a festa), litros de álcool que a Sofie e o Christiaan compraram e que encheram o meu quarto durante 4 dias [e quando digo litros é mesmo litros: 6 paletes de 24 cervejas de meio litro, 4 garrafas de champanhe, 6 garrafas de Vodka, 2 garrafas de vodka pêssego,
Quanto a mim, aparte de alguns problemas técnicos que fazem parte deste tipo de coisas, andava stressada de um lado para o outro a tentar tratar de tudo e de todos, especialmente das minhas cinco pipocas que chegaram nessa mesma noite, de seus nomes: Marta Neves, Ana Neves, Sara Osório, Carla Soeima e Mariana Monte! As cinco da vida airada, vindas directamente de uma mega trip em Itália encontraram como porto de abrigo a bela Ljubljana onde mataram as saudades de uma pobre deslocada em terras distantes! Nem sei o que dizer destas 3 noites/2 dias que aqui passei com elas… como sempre, receber visitas aqui é aquela coisa especial, é aquele cheirinho a casa, é aquela emoção, é a saudade, são as horas passadas a lembrar o passado, o presente e a pensar no futuro, são as novidades em primeira mão (e algumas em segunda também), é toda uma colectânea de sentimentos que é difícil transpor para palavras!
Obrigado do fundo do coração pela vossa visita, só espero que tenha sido tão bom para vocês como foi para mim…Porque afinal seria “Irreal” vocês não virem cá, caso contrário teríamos um “caso bicudo entre mãos”. Aqui ficam algumas fotos de momentos dispersos das várias coisas que andamos para aqui a aprontar em terras de Senhor Prešeren, uma homenagem à nossa amizade, aos bons momentos que passámos e à maravilhosa máquina de Miss Sara Osório que segundo Carla Soeima “faz as pessoas felizes”!
Ora depois de um final de semana e fim-de-semana animados por todas estas razões, eis que chega o início da semana que ficaria marcado pela minha partida para a Balkan Trip. Uma viagem de seis dias, num autocarro com 50 Erasmus pela Bósnia e Herzegovina e pela costa da Croácia!
Partimos de Ljubljana em direcção a Sarajevo (Bósnia) na terça-feira à meia-noite, a viagem avizinhava-se longa, mas acabou por sê-lo mais ainda do que esperávamos uma vez que o condutor do autocarro se perdeu na Bósnia e aquilo que seria uma viagem de 7/8 horas acabou por demorar 15h! Acho que nem vale a pena dizer o quanto todos os 50 corpos se ressentiram depois de 15h de viagem, mas a paisagem que íamos vendo e a chegada a Sarajevo deu-nos o alento que precisávamos!
Não tenho palavras para descrever o que vi na Bósnia, a atmosfera que lá se vive. A paisagem é marcada por campos e terrenos baldios a perder de vista, em todo o lado a arquitectura histórica do país são edifícios com crateras de balas e canhões, parcialmente destruídos, com graffitis ou completamente a cair de podres. Nesses vários terrenos baldios, ali e acolá vão-se encontrando mini-cemitérios improvisados, para além disso a religião encontra-se patente em todo o lado: músicas muçulmanas ecoam na cidade à hora das missas, as Mesquitas e Igrejas multiplicam-se pela cidade.
O único meio de transporte público disponível em Sarajevo é o eléctrico, uma das primeiras linhas a ser construída na Europa mas que assim se mantém desde então e por isso é claramente antiga, velha e insuficiente para o desenvolvimento das exigências do país e da população. A viagem desde o nosso Hotel até ao centro demorava cerca de 30/40 minutos, quando com um meio de transporte adaptado aos nossos tempos poderia demorar 5 minutos!
Por todo o lado onde andamos somos olhados e admirados, ali não passamos despercebidos somos claramente TURISTAS! Nas ruas, ciganos descalços e sem as mínimas condições de higiene correm atrás de nós, puxam-nos, pedem-nos dinheiro…A pobreza encontra-se em cada esquina desta capital. Nas estradas os carros, velhos e a parecer que se vão desmontar a qualquer momento, apitam e alguns param para nos ver. A atmosfera de uma Guerra que acabou há tão pouco tempo é sentida em tudo o que fazemos.
Na viagem de eléctrico começamos a ver as primeiras paisagens da cidade: o centro da cidade é circundado por colinas nas quais se distribuem casas aos montes, olhando de longe faz lembrar as favelas do Rio de Janeiro. Mais perto da linha do eléctrico para além dos monumentos religiosos que são inúmeros vemos o Museu Nacional de Sarajevo, o Parlamento, a Ponte simbólica onde foi assassinado o Príncipe do Império Austro-húngaro (que despoletou o inicio da Primeira Guerra Mundial) e símbolos do choque de ideologias do país: “war profiters” é a palavra que os nossos guias e amigos (ambos da Bósnia) mais repetem durante esta visita, por todo o lado edifícios capitalistas, de milhentos andares, com tectos rotativos, hotéis caros e multinacionais começam a emergir no pais, lado a lado com os edifícios públicos do tempo do socialismo, envelhecidos e deixados à margem do novo ordenamento da cidade (sejam edifícios políticos ou blocos habitacionais). Curiosidade das curiosidades na Bósnia uma grande multinacional não consegue entrar: o MacDonnalds. Segundo o Erwing, um dos nossos guias e amigo do SAU, não conseguem por enquanto porque ainda existem muitas pressões e lobbys que permitem que a situação se mantenha, mas dentro de alguns anos será inevitável que acabe por se estabelecer ali, como em todo o resto do Mundo, um belo dum restaurante desta cadeia.
Depois de um passeio pelo centro histórico da cidade, com direito a um jantar típico e à compra dos típicos souvenirs, rumamos (porque não podia deixar de ser) para os bares da cidade onde assistimos ao Chelsea/Liverpool, bebemos umas cervejas Sarajevo, conversamos infindavelmente e ouvimos Jazz num dos bares mais porreiros da cidade.
No segundo dia da viagem celebra-se o 1º de Maio e passamos o dia num piquenique nas montanhas ainda em Sarajevo. Comida típica, álcool a perder de vista, jogos tradicionais, conversas animadas, música e muitos sorrisos. Foi assim o dia celebrado da forma mais comunista possível neste lado distante onde por um dia se parece esquecer as diferenças e os problemas e se vive simplesmente entre amigos.
No dia seguinte, de manhã cedinho, antes de partirmos para Mostar (outra cidade ainda na Bósnia mas desta feita já perto da fronteira com a Croácia), visitamos ainda o Tonel, um edifício simbólico preservado desde o tempo da Guerra. Um túnel construído pelos Bósnios para se esconderem ou fugir dos ataques sérvios. Visitamos parte do túnel, vimos um filme de reconstrução de alguns momentos da Guerra e das actividades que ali se desenvolviam, e vimos, ainda, um pequeno museu com objectos de Guerra recolhidos naquele mesmo lugar há anos atrás.
Chegados a Mostar a atmosfera muda completamente. Por estar mais perto da fronteira nota-se uma diferença abismal na cidade, nos edifícios, nas paisagens, no ordenamento do território até. Conhecemos o centro histórico da cidade onde confluem influências muçulmanas, romanas (devido à sua presença em séculos anteriores) e onde um cheirinho a Croácia já paira no ar. Os monumentos em pedra, o chão em calçada, as pontes que atravessam o centro histórico, o rio que completa a paisagem, dão lugar a uma composição harmoniosa que transforma esta visita num momento especial. Num dos restaurantes um músico canta músicas tradicionais, as casinhas de souvenirs multiplicam-se e a fome aperta por isso rumamos a um restaurante com comida típica, um ambiente familiar, empregados super simpáticos e atenciosos, enfim estávamos todos encantados.
Depois do almoço era hora de continuar viagem, desta feita em direcção a Dubrovnik, na Croácia onde dias de sol e animação nos esperavam! Chegamos a esta cidade ao final do dia, e depois de instalados no Hostel, fomos dar um passeio pela cidade ao final do dia, o por do sol com o mar como pano de fundo…Chegar ao porto de Dubrovnik e sentir o cheiro da maresia, ver o mar e o horizonte…Meus amigos, não imaginam a sensação. Para quem está ai, pode parecer uma parvoíce mas são coisas a que estou tão habituada em Portugal e de que estou tão privada aqui que aquele momento teve algo de único e especial! Mais uma jantarada e uma noite passada na esplanada de um bar, com animação, muita conversa e partilha, regados com cerveja e Rakia (bebida típica na Bósnia e Croácia semelhante ao nosso tão português bagaço).
Na manhã seguinte, depois do pequeno-almoço, seguimos novamente para o centro histórico de Dubrovnik onde uma guia nos esperava para nos mostrar as atracções da cidade. Vimos a Torre da cidade e a Catedral e fizemos depois uma visita pelas muralhas da cidade, que a circundam de Este a Oeste! A vista é maravilhosa, a cidade é tão tipicamente croata, o mar como pano de fundo e o sol a brilhar intensamente e sem dar tréguas, era um dia de Verão autentico e um sorriso rasgado percorria-nos a todos! Depois desta visita voltámos ao porto da cidade, onde apanhamos um barco para a Ilha de Lokrum. O mar azul, transparente, com milhares de espécies de peixes, épa aquilo parecia um capítulo do filme “A Lagoa Azul” e de repente podia fechar os olhos e ser a Brooke Shields com conchinhas no cabelo que ninguém notava a diferença! Que sonho! A ilha é típica por diversas espécies de animais, especialmente amigáveis porcos-espinhos e pavões que se “pavoneiam” por todo o lado. Depois de almoçarmos num restaurante super simpático e acolhedor, uma refeição rápida e leve, há mais um momento de delírio de Rita Tomé quando encontra gelados da Olá e mata saudades de um valente Magnum de Amêndoas (Mãe comi um Magnum de AMÊNDOAS!). A seguir partimos à descoberta da Ilha e encontramos uma pequena lagoa, onde decidimos pousar as tralhas, mandar uns mergulhos e apanhar uns grandessíssimos banhos de sol…Dolce Fare Niente! A água estava fria, em tudo fazia-me lembrar o Gerês mas ainda assim nada nem ninguém nos demoveu da nossa tarde de “praia” improvisada. Ao final da tarde voltamos para o centro da cidade, para comprar comida para o jantar e alguns souvenirs. A noite foi animada como sempre!
No dia seguinte de manhã partimos para Split outra cidade da Croácia, mais cosmopolita e avant-gard. O centro fez-me lembrar Cascais, as filas de palmeiras, as zonas de bares com esplanadas, o porto e o mar mesmo ali ao lado. Muito gira a cidade! Começamos uma visita guiada pelo centro histórico da cidade que funciona como uma espécie de centro dentro do centro, rodeado por muralhas. A guia era louca e totalmente possuída, mas todos adoramos a viagem e ainda tivemos umas boas horas de riso! Depois disto era hora de ir jantar, novamente num restaurante típico, com pratos tradicionais e sea food que fez delirar a maioria (porque na Eslovénia é raro encontrar peixe ou qualquer outra comida de mar). Era domingo, por isso, nem tudo estava aberto, mas depois do jantar houve tempo para um gelado de Snickers (maravilhoso) e para nos sentarmos numa esplanada a fazer o habitual: beber e conversar!
O dia seguinte, segunda-feira, era o último da viagem. Neste último dia veríamos na manhã e tarde que nos restava o Parque Natural Plitvčka Jezera, considerado Património Natural da UNESCO. Verde por todo o lado, um lago a atravessar os inúmeros quilómetros do Parque, cascatas de sonho e uma paisagem Natural de cortar a respiração. Nada como uma visita desta para fechar em grande esta viagem. Depois da visita era hora de jantar num restaurante ali perto e seguir viagem de regresso a Ljubljana.
Apesar do cansaço de uma viagem cheia de visitas, de horas infindáveis dentro do autocarro, de noites de pouco sono, a vontade de voltar não era nenhuma. Foram dias maravilhosos os que vivi nesta viagem numa mistura de férias com história e aprendizagem, mas também praia, sol e inércia (eheheheh), sobretudo partilhada com pessoas especiais, muitos amigos.
Agora, de volta a Ljubljana, volta-se à dura realidade: escola, aulas, trabalhos, testes! Este mês de Maio vai ser de loucos. Por isso, e porque também preciso de poupar dinheiro para as viagens que vou fazer em Junho, este mês as coisas vão andar mais calmas.
Mais uma vez o meu desejo é de que tudo esteja optimamente bem por ai, mais uma vez obrigado à Marta e companhia pela extraordinária visita e obrigado a todos os que me têm escrito e-mails, deixado comentários no HI5 ou aqui no Blog! Tenho imensas saudades de todos vocês!
Um especial recado aos meus da Comissão de Praxe, arrasem-me nesse Rally Tascas e quanto ao Marco já soube da tua pena no Tribunal de Praxe, ahahahhahah que risada! Cada vez que me afastar da capa tu serás o responsável e isto sabe tão bem! Muahahahah! Outro especial recado à Tuna: arrasem-me nesse TunaMisto pena não estar ai para vos ir ver e sentir a lagriminha no canto do olho…Vocês sabem lá as saudades que senti de vós! O último recado especial vai para a minha turma: não tenho conseguido manter contacto com todos vocês mas espero que esteja tudo bem, que estejam a conseguir trabalho e quando voltar porque não um jantar de turma? Aliás podíamos até seguir a tradição americana e fazer encontros anuais para um festim de partilha de quem é o jovem mais fracassado e frustrado de todos nós! Ahahahahah
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